Sábado 27 de Abril de 2024

Futebol Total – A Cidade do Futebol aos 102 anos

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© 2016 JCMYRO / JCSERV

No dia em que se completam, esta quinta-feira, cento e dois anos de vida – primeiro como União Portuguesa de Futebol e mais tarde Federação Portuguesa de Futebol – Fernando Gomes, enquanto líder do executivo federativo da modalidade, exultou o seu contentamento pela inauguração da Cidade do Futebol onde, doravante, será o quartel-general para a toda a actividade da unidade de “comando” do futebol português.

Por esta nova cidade – situada entre as traseiras da bancada principal do Estádio Nacional e a prisão de Caxias – no Alto da Boa Viagem vai passar o “burburinho” de mais de uma centena de pessoas no dia-a-dia – que poderão chegar aos cerca de trezentos quando em actividade com as selecções nacionais das várias categorias, numa área que ronda os 70 mil metros quadrados, dos quais 64 mil são espaços externos e 12.400 de construção.

Integrada no Complexo Desportivo Nacional do Jamor – que já disponibiliza valências de alto rendimento para outras modalidades (atletismo, natação, rugby, ténis, golfe e tiro com arco), esta nova infra-estrutura vem tapar uma lacuna há muito diagnosticada pelas gentes da modalidade que, há um par de anos atrás, pensava apenas numa “Casa par o Futebol”.

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© 2016 JCMYRO / JCSERV

Novos olharem, entretanto surgidos no horizonte de várias pessoas, fez mudar a agulha para o que, a partir deste dia 31 de Março de 2016, deixou de ser um sonho para se tornar uma realidade, ainda que numa primeira fase.

Isto porque, como foi referido, também há que dar guarida ao futsal e ao futebol de praia, para o que se conta, a curto prazo, com a edificação de um pavilhão e de uma zona de treino para os “praiantes” lusos, que se consagraram campeões mundiais, como se recorda.

Uma obra que foi assumida – tal como o fez nesta primeira “volta” – por Paulo Vistas, o presidente da Câmara Municipal de Oeiras, também “orgulhoso por ser neste seu mandato que se edificou esta Cidade do Futebol, uma mais-valia para o desporto nacional”.

Paulo Vistas que salientou ainda que foi “uma congregação de esforços e vontades, públicas e privadas, que tornaram realidade este magnífico recinto, apesar de ter sido difícil congregar todas as vontades mas que aqui está, tornando o concelho de Oeiras ainda mais atractivo e com condições de proporcionar mais e melhor prática desportiva”

Para o presidente da Federação Portuguesa de Futebol “este não é o nosso ponto de chegada. É antes o novo começo. Porque na vida interessa sempre menos o que já fizemos do que aquilo que ainda nos propomos fazer. Este é o nosso ponto de partida”, tendo acrescentado que “o próximo objectivo é construir o pavilhão para o futsal, com o apoio da Câmara Municipal de Oeiras”, depois que historiou o caminho e os sonhos traçados até se chegar a este momento.

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© 2016 JCMYRO / JCSERV

Entre o que salientou que “para os grandes desafios há sempre respostas épicas” e que “cinquenta anos depois de Portugal ter conquistado a medalha de bronze no mundial de Inglaterra (1966), só faltam os títulos mais importantes” tendo acrescentado, na passada, que “com a presença no europeu, nos Jogos Olímpicos, nos europeus de sub-21 e sub-19, Portugal tem hipóteses de tornar 2016 num ano de ouro, depois dos títulos alcançados recentemente no futebol de praia e no futsal”.

A isto junta-se o recorde absoluto do número de inscritos em todas as disciplinas do futebol.

Este poderá ser, se tudo correr como até aqui, o ano das maiores conquistas de sempre do futebol português, com várias selecções nacionais nas fases finais.

Para Tiago Brandão Rodrigues, ministro da Educação – depois de elogiar a Federação e congratular-se pela qualidade das instalações ora inauguradas – salientou que este “centro de excelência servirá para promover o talento nacional”, acrescentando que “estamos a menos de três meses do arranque do Europeu e a selecção ganhou um espaço ideal para a preparação. É uma obra há muito desejada e será uma contribuição para o crescimento das selecções nacionais. Quero destacar o contributo que a FPF tem dado para a formação e aos jovens que tanto prestigiam o nosso país e a marca Portugal”.

Referiu ainda que “o governo tem como meta implementar o desenvolvimento motor com a actividade física como forma de preparar os mais jovens para a entrada na prática desportiva, a todos os níveis”, tendo utilizado a metáfora da autoria de Johan Cruyff de que “o jogo se joga com a cabeça e onde se utiliza os pés”, salientando que “é a 15ª presença de selecções nacionais em europeus e mundiais desde 2000”, pelo que “esta obra é um primado de excelência”, num ano em que poderemos ter os melhores resultados de sempre.

O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa – depois de ter recordado CidadeFutebol_6364que entre 1974 e 1976 integrou os corpos sociais da Federação e de ter felicitado os actuais dirigentes pela qualidade e impacte da obra inaugurada – enunciou quatro pistas para reflexão, como “o peso do futebol na vida comunitária, a durabilidade do peso do futebol luso e a dimensão simbólica que as selecções nacionais assumiram nos últimos anos”, adiantando que a Federação “tem um quinhão importante de Portugal nas mãos”, deixando “o desejo de que a Cidade do Futebol ajude ao reencontro nacional”.

“Esta Cidade do Futebol engloba” – sublinhou Marcelo Rebelo de Sousa – “desde os que se iniciam até aos mais consagrados e será aceite e apoiada se contribuir para cultivar valores. Portugal merece acreditar mais em si próprio. Que esta Cidade do Futebol seja um passo inquestionável para esse reencontro nacional”.

Por seu lado, o responsável máximo pela equipa portuguesa, Fernando Santos, sublinhou a importância da Cidade do Futebol para o trabalho da selecção e, sobretudo, dos escalões de formação, recordando que “só isto não chega para ganhar os jogos”.

E frisou: “o desempenho passa pelos jogadores. Isto não vai influenciar, vai ajudar. Ficamos todos com a ideia que estas coisas é que ganham jogos, mas quem ganham os jogos são os jogadores. Se não jogarem bem, se não lutarem, se não correrem, se não marcarem golos e se não fizerem tudo para não sofrer, então não ganhamos”.

Fernando Santos reconheceu ainda “que os principais beneficiados até serão os escalões mais jovens, porque é algo muito significativo, não só para a Selecção A, mas principalmente para a formação. Vão poder desenvolver o seu trabalho aqui com uma base normal e isso é muito importante. Quando tu não tens estas condições e passas a ter estas condições não vais andar a saltar de casa em casa. E isso é muito importante para o futebol português”.

Registe-se ainda que dos quinze milhões de euros que a obra custou oito milhões foram atribuídos pela UEFA e pela FIFA (6 e um milhões, respectivamente), com os restantes oito milhões a serem pagos pela Federação Portuguesa através de verbas auferidas nos jogos particulares da selecção principal, sendo que não tenha dado entrada proveniente do erário público.

Recorde-se, no entanto, que o espaço onde foi construída a Cidade do Futebol foi cedido pelo Estado.

Grande festa – com a presença de todos intervenientes no futebol nacional – que ficará para a recordação, num ano em que Portugal pode conquistar tudo!

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