Decorre na cidade sul coreana de PyeongChang – anfitriã dos próximos Jogos Olímpicos de Inverno, em 2018 – o 80º congresso da Associação Internacional de Imprensa Desportiva (AIPS), tendo o tema global a “transparência como chave no jornalismo”, reunião considerada marcante pela organização.
Duas centenas de representantes de mais de uma centena de países filiados estão presentes e tiveram oportunidade de ouvir um discurso directo e preciso por parte de Lorde Sebastian Coe, presidente da Federação Internacional das Associação de Atletismo (IAAF), numa altura em que a Coreia do Sul também elegeu um novo presidente para o país.
Gianni Merlo, presidente da AIPS, referiu que “este congresso ocorre num momento em que o jornalismo atravessa momentos difíceis por via da subida vertiginosa do on-line que afecta os jornais, rádio e TV, a que se jnunta a corrupção e escândalos de doping que afectam o próprio desporto”.
Explicitando melhor, Merlo salientou que “vemos o interesse próprio na cobertura de notícias; alguns clubes recusam acreditações de jornalistas apenas porque os criticam” para de seguir afirmar que “com as questões de dopagem, a credibilidade está em jogo. A corrupção existe no mundo do desporto há muito tempo e o doping tornou-se um cancro no início dos anos. Esperamos que, em 2017, lutemos mais para defender nossos direitos e liberdade de expressão “, finalizou Merlo.
Acrescentou ainda Merlo que “a boa notícia é que estamos optimistas porque acreditamos no profissionalismo de nossos colegas em todo o mundo. Não haverá espaço entre nós para a corrupção, e se acharmos alguém corrompido, ele será expulso e excluído, não havendo misericórdia “.
Nos últimos meses, a Coreia do Sul viu a prisão de seu ex-presidente deposto, recebeu ameaças de um vizinho armado de armas nucleares em termos de “guerra iminente” com a Coreia do Norte. Questionou Merlo: “alguns de vocês estavam preocupados em vir aqui devido à situação política global, mas aqui estamos realizando o nosso congresso em condições excelentes”.
O presidente do Comité Olímpico Internacional, Thomas Bach, não esteve presente fisicamente mas enviou uma mensagem em que salientou que “muitas mudanças aconteceram desde Paris1924, quando do primeiro Congresso do AIPS, mas o importante papel da imprensa na promoção do desporto e dos Jogos Olímpicos no mundo não mudou. O fundador do movimento olímpico Pierre de Coubertin foi um jornalista francês e um amigo próximo do co-fundador e compatriota Franz Reichel, da AIPS. Com menos de um ano para ir para os Jogos Olímpicos de Inverno em PyeongChang, a AIPS não poderia ter escolhido um melhor lugar para realizar o congresso para trazer o espírito de volta para a Coreia.”
Em um discurso interessante e poderoso, o presidente da IAAF, Sebastian Coe, apresentou os três pontos do “triângulo” que cada jornalista e investigador deve considerar: relevância, confiança e liderança.
Em que a relevância “não é só olhar para nós mesmos, mas também para o que está em nosso redor. Falamos de milénios e jovens gerações que querem cumprir suas ambições. Trata-se de comportamento. O mundo on-line é poderoso e distraído.”
No que se refere `à confiança Sebastian Coe salientou que “O desporto perdeu muita confiança, todos vocês sabem disso, em especial o atletismo, tanto na administração como na pista. Em menos de oito meses reescrevemos a constituição do nosso desporto, fizemos duzentas mudanças. Algumas delas eram sobre o estabelecimento de padrões para a representação global.”
Adiantou Lord Coe que “A IAAF lançou há poucas semanas a Integrity Union para nos ajudar na transparência que estamos procurando, para que todos possam olhar e se convencer de que tudo está de acordo com o plano. A trapaça vai parar? Não, as pessoas sempre vão trapacear, mas devemos mostrar-lhes que não é tolerado, o que trará de volta a confiança. ”
Quanto à liderança. Coe salientou que “os atletas anseiam a crítica, mas também a liderança. Devemos deixar que as pessoas façam o que queremos ou as impedimos de fazer o que não queremos? Aprendi muito mais em corridas que perdi do que as que ganhei. Não há mais uma estrutura unificada sobre membros, actores, atletas … os líderes do futuro serão escolhidos por suas ações “.
Atletas foram atingidos por escândalos de doping nos últimos anos que colocam a IAAF na frente e à frente de outras federações internacionais para ser o primeiro a lutar contra este “inimigo”.
O ex-recordista do mundo de 800m disse: “Quando o desporto está passa por uma crise de confiança, todos nós somos obrigados a reconstrui-lo e repará-lo rapidamente. Eu não acho que o desporto está lutando por sua vida, é mais forte do que isso, caso contrário, não teria sobrevivido ao longo dos séculos. E não é apenas sobre IAAF e atletismo, mas todos os desportos.”
E Sebastian Coe terminou dizendo que “não há maior companheiro para um atleta do que a imprensa, que estão lá no bom e no mau momento, e AIPS têm lutado na equipa da imprensa desportiva global há décadas”.
A menos de nove meses dos Jogos Olímpicos de Inverno, Seung Min Ryu, membro do Comité Olímpico da Coreia do Sul, demonstrou estar cheio de esperança antes do tão esperado evento, tendo referido que “com a eleição do novo presidente haverá um futuro melhor. Nós prometemos um ambiente seguro e confortável nos Jogos assim como aconteceu em eventos anteriores. A segurança em todos os locais será o melhor possível.”
Referindo à comunicação social, salientou que “entendemos a importância da imprensa nos Jogos e vamos considerar as suas sugestões para torná-los melhores. Faz trinta anos dos Jogos Olímpicos de Seul (1988), que não tínhamos hospedado os Jogos Olímpicos. Cada cidadão e interessado trará sua paixão. O Comité Local e o Comité Olímpico Internacional farão o seu melhor para que os Jogos tenham sucesso, esperando que compartilhem connosco vossos conhecimentos e conselhos para nos ajudar com o melhor que puder “.
A sessão de abertura do congresso terminou com dois representantes (Ryo Nishimura e Tatsuo Ogura) da organização dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, a prestar esclarecimentos sobre os serviços de comunicação e imprensa nos próximos Jogos Olímpicos de Verão.
Resta esperar as conclusões para se saber como se poderá obter mais e melhor transparência não só no jornalismo como em todas as áreas da vida quotidiana de um cidadão de qualquer parte do mundo.
