Com um golo de bandeira, em forma de chapéu, Francisco Conceição (63’) – cinco depois de ter entrado em campo, marcou um golo de belo efeito, na sequência de uma bola controlada a meio do meio-campo da formação alemã, deu dois passos numa zona livre e, em arco, chutou a bola por cima do guardião da casa, incapaz de chegar à trajetória do esférico.
Com este golo, Portugal recuperou o golo sofrido (marcado de cabeça por Wirtz, 48’) na abertura do segundo tempo, pelo que a entrada (58’) do jovem Conceição foi oportuníssima, mercê de um primor no remate e na forma como tirou três jogadores da sua frente quando se aproximou da linha de grande área.
Melhor ainda porque, cinco minutos depois (68’), Cristiano Ronaldo conseguiu o 2-1 com que se chegou ao final e, com isso, Portugal voltou a estar, pela segunda vez (das quatro edições concretizadas), na grande Liga das Nações, depois de ter ganhado na edição de abertura (2018/2019) ao derrotar (1-0) os Países Baixos.
Num jogo que arrancou com dez minutos de atraso, devido a uma forte queda de granizo durante o aquecimento das equipas, Portugal e Alemanha chegaram ao intervalo sem golos, apesar de terem construído boas oportunidades na primeira parte.
Os alemães ameaçaram primeiro, com um remate de Goretzka aos quatro minutos, mas, logo depois, Pedro Neto serviu Cristiano Ronaldo, com o capitão a rematar para defesa de Ter Stegen.
Aos 11 minutos, Pedro Neto esteve muito perto de marcar. O jogador do Chelsea foi ao meio-campo buscar a bola e atirou ao lado da baliza dos alemães, já à entrada da área. A resposta germânica chegou dez minutos depois, mas Diogo Costa travou o remate de Woltmade com uma defesa vistosa.
No segundo tempo, aos 48 minutos, os alemães colocaram-se na frente do marcador, num cabeceamento de Wirtz, e Roberto Martínez fez as primeiras mexidas na equipa portuguesa.
As substituições operadas pelo selecionador nacional surtiram efeito, já que Francisco Conceição saltou do banco para mudar a história do jogo. O extremo da Juventus repôs a igualdade aos 63 minutos, num remate em jeito que arrancou muitos aplausos nas bancadas. Fê-lo com o pé esquerdo, à entrada da área, depois de acelerar da direita para o meio e de tirar Gosens da frente.
Cristiano Ronaldo confirmou a reviravolta e justificou a superioridade de Portugal na segunda parte. O capitão luso deu a melhor sequência a uma boa jogada de Nuno Mendes.
Com este resultado, Portugal fez hoje história, ultrapassando a Alemanha pela primeira vez em 25 anos, e em 40 em solo germânico.
Em termos estatísticos, os alemães tiveram mais posse de bola (54/46%)mas nos remates Portugal foram superiores (16-9 enquadrados, 6-5 para a baliza e 9-6 oportunidades), pelo que o triunfo está justificado.
Para Roberto Martínez, o selecionador nacional, “precisamos de desfrutar da vitória. É a primeira vez em 25 anos que ganhamos à Alemanha. Taticamente, estivemos excecionais e o nosso compromisso ajudou. Na segunda parte, melhorámos muito em frente à baliza. Mostrámos que temos muitas nuances táticas diferentes trabalhadas e há que utilizar isso, começando com um ‘onze’ inicial e terminando com outro. O importante é o espírito da equipa e hoje foi uma vitória da equipa. Tivemos de fazer ajustes táticos e adaptámo-nos bem ao que a Alemanha estava a fazer.
Sofremos um golo que não merecemos e até agora ainda não percebi porque não foi assinalado fora de jogo. A reação foi ainda melhor. Precisamos de uma estrutura e de flexibilidade tática para explorar o talento individual dos jogadores, mas hoje importou mais o espírito, a personalidade e o facto de termos jogado olhos nos olhos contra a Alemanha”.
Para o internacional português Francisco Conceição “marcar à Alemanha é um grande orgulho. Vi muitas vezes os golos do meu pai, sei que a última vez que tínhamos ganhado foi há 25 anos, quando o meu pai marcou três golos. O golo foi um momento de inspiração, fiz o que surgiu no momento. Foi um grande golo, mas estou mais feliz por ajudar a equipa a chegar à final. Podia ter marcado o segundo, mas o guarda-redes fez uma excelente defesa”.
Nesta quinta-feira joga-se a outra meia-final, entre a Espanha e a França, marcado para as vinte horas, quando se conhecerá o adversário da equipa nacional na final.