Afinal, onde está a crise? Quem contribui para ela? Jogadas de antecipação? Afinal, mal nascemos para a vida e já temos medalhas da presidência da República? Parece não se andar muito longe disto se tivermos em atenção as condecorações que vão ser atribuídas a jovens que, na prática, estão no início da vida.
Não estando em questão o valor da obtenção do título de vice-campeão mundial de futebol, categoria de sub-20 (19 anos e menos) – é bom recordar que, há 20 anos, Portugal foi campeão do mundo em duas edições seguidas – fica-se mais ou menos espantado quando se toma conhecimento de que (depois do Parlamento ter aprovado um voto de saudação e, por outro lado, o governo ter estado presente, pelo ministro responsável no jogo da final, na Colômbia) o presidente da República decide atribuir condecorações, ao que parece, de vários graus honoríficos.
A questão é saber se é justificável, seja porque motivo for – mais a mais porque nem foram campeões – o acto que está previsto, se porque é preciso incentivar os jovens como nas “novas oportunidades” ou, mais recentemente, com o chavão do “empreendorismo”, que a maioria da população não sabe decifrar.
Aliás, é do conhecimento público que existe um número mais ou menos elevado de cidadãos portugueses – jovens também – que se tem distinguido em várias áreas e em todo o mundo. Recorde-se o jovem que conquistou o primeiro lugar nas recentes olimpíadas da matemática, com direito a Ministro à chegada a Lisboa.
Alguns destes jovens tem meia dúzia de anos da prática desportiva; não se conhece, pelo menos publicamente, se estudam e em que grau estão. Se, com este êxito não total, servirão de exemplo para outros e, mais do que isso, que futuro vão ter.
Nesta idade ainda não provaram nada. Por ventura, ainda não sabem muito bem o que aconteceu. Mas já vão a caminho do palácio de Belém para a consagração medalhística. Bem ao estilo português.
Com o Governo a ficar para trás!
Talvez tenha entendido que ainda é muito cedo para condecorar estes jovens. Com razão!
Luís Direito
