“Na pirâmide da corrupção, temos no topo a corrupção do Estado”, defendeu, esta terça-feira, Maria José Morgado, diretora do Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa, durante a intervenção tida na conferência integrada no ciclo Ministério “Público e o Combate à Corrupção”, que decorre na Fundação Gulbenkian, em Lisboa.
Esta é a corrupção de “maior sofisticação” e de “mais difícil deteção”, frisou a diretora do DIAP, que adiantou ainda que “a corrupção nos serviços públicos tende a disparar com a crise económica e com a austeridade e até, convém não esquecê-lo, os salários mais baixos poderão trazer maior vulnerabilidade na administração pública e nos serviços do Estado”.
Dito por quem é, por certo que Maria José Morgado na fala de “barato”. O que se estranha é o facto de, quem de direito (Governo), nada fazer para evitar a situação.
O consecutivo e sucessivo abaixamento do rendimento disponível das famílias – mercê de uma política de cortes e mais cortes financeiros – por certo que poderá originar problemas de maior gravidade, não só na área da população civil como, eventualmente, na zona militar e militarizada, tendo presente a situação verificada na GNR, em que estes militares vão voltar aos rendimentos de 2009.
Por outro lado, o patrocínio (mecenato?), por parte de entidades públicas, de eventos que pouco ou nada tem a ver com o objeto dessas mesmas entidades – podendo os valores investidos (ou despendidos) nesses eventos serem aproveitados em áreas sociais onde a dificuldade geral é muito maior – poderá permitir outro tipo de aproveitamentos por grupos de “parasitas” que vivem à custe de expedientes deste tipo (eventos).
Entretanto, os gabinetes governamentais – a nível dos ministérios e secretarias de estado – continuam a engordar quase diariamente, o que é visível ao ler-se o Diário da República, em contra-linha com o que foi definido pelo próprio primeiro ministro e divulgado em vários “instrumentos”, sendo o de maior relevo o programa do governo.
