Sábado 11 de Maio de 2757

A objectividade falou francês, só atrasada por um Patrício em grande plano

PortugalFrance_H0P7988Fernando Santos, o técnico da selecção lusa, salientou no final do jogo que o “empate seria o resultado mais justo” mas se o jogo, acrescentamos nós, tivesse menos tempo, porquanto, depois dos primeiros vinte minutos, Portugal pouco mais fez do que tentar equilibrar um jogo em que esteve quase sempre em desvantagem e poucos momentos de perigo proporcionou.

Só depois de sofrer o golo é que criou algum perigo, conquistando três cantos consecutivos mas sem qualquer resultado, como se verificou num ataque que, por um lado, não podia fazer mais porquanto as “torres” francesas não deixaram e, por outro, porque continuamos com “donos da bola”, onde o egoísmo pessoal suplantou a necessidade (casos de Nani e de Ronaldo), que pouco fizeram de relevo.

Mas a diferença do índice físico-porte atlético entre os nossos jogadores e os franceses é quase abissal e, contrariando até esta vertente, acabou por ser um “baixinho” que, cinco minutos após ter entrado em jogo (78’), marcou um daqueles golaços (83’) – que só acontecem de vez em quando – mas que foi superiormente “alinhado” para a baliza de Rui Patrício que, depois de salvar dois golos quase certos, acabou por não ter qualquer hipótese de parar o potente remate desferido por Mathieu Valbuena, na marcação do livre frontal à baliza do guardião luso, em que a bola passou pela barreira por uma nesga suficiente para criar a surpresa, pese embora se reconheça a superioridade da equipa gaulesa.

Uma vez mais, ficou demonstrado que Ronaldo não está em condições de render o que já rendeu mas continua a “forçar” a nota individualista e, se não dá certo, desliga imediatamente. Para piorar, Nani esteve no lado contrário e também não funcionou em pleno. Aliás, não se percebe um sistema de jogo em que se avança até perto da grande área adversária e depois se recua porque não se consegue um pouco de criatividade (jogo de equipa) para entrar na área defensiva contrária.

Mal por mal, ou “desgarrada” por “desgarrada”, preferia o fado porque, aí, a criatividade impera com cada fadista a fazer uma quadra para responder “à letra” do outro. Portugal pouco criou e pouco ou nada respondeu. Daí o zero alcançado.

Portugal poderá queixar-se do azar de Ricardo Carvalho (lesionou-se e sair de campo aos 26 minutos de jogo) mas não foi por aí que que não se fez mais, chegando-se à meia hora com Patrício a safar um golo quase certo, ao conseguir um meio equilíbrio para cada lado e esticar (em queda) a perna esquerda e aliviar para fora da área, depois do remate de Matuidi.

Numa das poucas jogadas com “jeito”, uma triangulação entre Vieirinha, Nani e Danilo podia ter criado perigo mas logo se desfez, com Portugal a não ter nem arte nem manha para entrar na área proibida dos franceses, até porque o guardião Lloris pouco trabalho teve.

Aos 40’ Portugal beneficia de um livre que Ronaldo marcou para defesa fácil de Lloris, voltando a “pecha” do capitão luso quer ser o “dono” do jogo. Questões de ordem sociopsicológicas continuam a impedir que o verdadeiro Cristiano Ronaldo surja em campo.

Apesar disso, Portugal chegou ao final da primeira parte com maior posse de bola (53%) contra os 47% dos gauleses – percebe-se assim a “vantagem” lusa, porquanto os passes laterais e para trás contam como posse de bola e aí ganhamos claramente. No entanto, nos remates à baliza, a França fez três e Portugal 1. Por aqui se vê o grau de perigosidade em jogadas para golo.

O tempo complementar começou e acabou com substituições: foram nove, entre o apito de reinício e o minuto 87’, quando entrou o francês Girou.

Os franceses ganharam o primeiro canto do desafio (47’) e aos 48’ minutos Patrício volta a salvar Portugal de sofrer golo, ao sair da baliza, em mancha, e dar o corpo à bola, seguindo-se um remate de Ronaldo à baliza contrária mas que saiu muito longe, o mesmo acontecendo com Benzema mas aqui à figura de Patrício, muito atento às jogadas.

Provavelmente, o capitão nacional estará a guardar-se para o jogo de segunda-feira (frente à Albânia e a contar para o apuramento para o europeu, esse sim a “doer”) para o qual Portugal parte com uma segunda vantagem, uma vez que a Dinamarca e a Arménia empataram (0-0) no jogo efectuado esta sexta-feira, se bem que os albaneses não sejam uma pera doce e podem até ultrapassar Portugal, se vencerem, e passarem a liderar o grupo, o que não deixaria de ser “estranho”.

Em termos do jogo no Alvalade XXI – com a presença de 39.853 espectadores, o que foi muito bom – Éder tentou (62’), à meia volta, surpreender Lloris mas a bola passou algo acima da barra e, no minuto seguinte, surgiu o primeiro canto a favor de Portugal, uma “prova” de grande … ataque. A bola foi para as mãos de Lloris sem qualquer perigo.

Aos 70’, Benzema tentou a sorte mas rematou à figura de Patrício que, fçorça do remate, se viu obrigado a desviar por cima da barra. Aos 79’. Éder, depois de um contra-ataque rápido, isolou-se atrás da bola provocando um choque com Lloris, que chegou primeiro e levou a melhor.

Nesta fase mais movimentada na segunda parte, acabou por surgir o golo francês.

Numa boa jogada de insistência, os franceses chegam perto da grande área portuguesa, onde Martial (uma transferência que valeu 80 milhões) sofreu falta. Chamado à cobrança do livre, o recém entrado Valbuena viu uma aberta na barreira formada pela defesa lusa e rematou de forma excelsa, ao enviar a bola para o canto superior direito da baliza de Patrício que, desta vez, não conseguiu evitar o golo. O golo que ninguém queria mas que acabou por ser merecido porque a frança fez mais por isso. Teve o seu quê de felicidade mas isso faz parte do jogo.

Portugal não demonstrou categoria e capacidade para vencer a França, pelo que o resultado final se ajusta ao que se passou em campo.

Mas é preciso muito trabalho para que esta equipa não se “perca” pelo caminho, até porque os albaneses podem passar para a frente do grupo, como se referiu.

Patrício acabou por seu o melhor luso em campo, logo seguido de Éder (pelo empenho tido ao longo de quase todo o jogo – jogou 90 minutos), com relevo ainda para Pepe, Vieirinha, João Mário, Eliseu, com relativa evidência (colectiva) de Nani, Ronaldo e Quaresma.

Nos franceses, realce para Lloris, Evra, Varane, Benzema, Matuidi, Sissoko, Pogba e o homem do golo, Mathieu Valbuena.

O holandês Danny Makkelie, pese embora uma ou outra decisão menos feliz, não teve influência no resultado, bem como os seus assistentes.

Constituição das equipas:

Portugal – Rui Patrício; Vieirinha (Cédrid, 60’), Pepe, Ricardo Carvalho (José Fonte, 26’) e Eliseu; João Mário (Danny, 78’), Danilo (Bernardo Silva, 84’) e Adrien Silva (Veloso, 60’); Nani, Éder e Ronaldo (Quaresma, 66’).

França – Lloris; Sagna, Varane, Koscielny e Evra; Pogba, Sissoko (Mathieu Valbuena, 78’), Cabaye (Schneiderlin, 45’) e Matuidi; Fekir (Griezmann, 13’, depois Giroud, 87’) e Benzema (Martial, 73’).

Artur Madeira

 

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