Este é o título genérico de dois livros que tratam temas da arbitragem no futebol e que foram esta segunda-feira apresentados publicamente no Chiado Café Literário, em Alcântara, numa edição da Chiado Books.
Da autoria de Adelino Antunes, um “velho” (a completar 85 anos no dia 15 deste mês de Março) árbitro internacional e estudioso da matéria, juntamente com mais dois “doentes” da arbitragem Vítor Reis e José Filipe, também antigos árbitros, as duas obras tem a particularidade de terem a mesma capa mas dois nomes diferentes.
O primeiro, volumoso, intitula-se “O Futebol e as suas regras (Compreender a Arbitragem)” e o segundo versar sobre “Perguntas, Respostas e outras referências”, de âmbito mais prático e que se destina a toda a gente que gosta da arbitragem e não só.
Quanto ao primeiro, pretende “levar o leitor a una longa viagem pelas Leis do Jogo, é entender de uma forma pedagógica o trabalho que os árbitros realizam quando arbitram um jogo de futebol, é ter a percepção exacta das dificuldades da função, é tornar útil o conhecimento de tudo o que diga respeito às leis e regulamentos aplicáveis, é perceber as decisões técnicas e disciplinares que as equipas de arbitragem têm de tomar em cada jogo”.
Sobre o segundo, “deve ser entendido em primeiro lugar como um complemente de toda a explicação feita no outro livro. O conjunto de 350 perguntas e respostas no sistema de escolha múltipla pretende dar aos leitores a possibilidade de avaliar os seus conhecimentos técnicos e levá-los simultaneamente a compreender melhor a sua aplicação prática operante determinadas situações que podem acontecer num jogo de futebol. Para isso, utilizou-se uma linguagem técnica simples e acessível, na mesma linha redactorial utilizada em todas as explicações sobre as “Leis do Jogo”.
Perante uma plateia de meia centena de ex e actuais árbitros e dirigentes da arbitragem lisboeta,
o antigo internacional António Simões (da saga do mundial de 1966) foi convidado a pronunciar-se sobre as obras apresentadas e a sua experiência no relacionamento entre os jogadores e os árbitros.
Com uma memória invejável e cáustico qb, Simões salientou que “estou aqui para falar sobre os livros mas também para partilhar a minha experiência de vida, que passou também pelo relacionamento com os árbitros”, focando que “estas coisas têm de ser vistas de forma informativa, educativa e pedagógica, ou seja, ler para perceber que é a arbitragem, não só nos árbitros em si mas também com o VAR, com o qual concordo”.
A este propósito, Simões não se coibiu de criticar o “timing” da introdução em Portugal, embora tenha percebido a intenção de Fernando Gomes, presidente da federação, em fazê-lo do modo como o fez.
Explicou que “o VAR nasceu nos Estados Unidos e já existe há cerca de vinte anos. Mas quando nasceu foi pensado e debatido durante algum tempo até que entrasse em vigor, o que não aconteceu em Portugal. Não houve debate e diálogo pelo que se perdeu a oportunidade dos interessados (treinadores e outros agentes desportivos) analisarem todos os procedimentos a tomar.”
Com a entrada do VAR, Simões referiu que, nesta altura, já começaram a aparecer comentários sobre “a desconfiança que transparece em relação à qualidade da recolha dos melhores ângulos e, em especial, a desconfiança que pode existir em relação ao árbitro em campo e ao árbitro no VAR”, recomendando que se faça um urgente debate sobre o assunto, antes que aconteça algo de anormal.
Deu os parabéns aos autores porque “estas obras são o melhor e mais completo estudo que existe sobre a matéria em Portugal” e salientou que “o VAR está mais que provado, porquanto os elementos da FIFA já visionaram mais de mil jogos com um resultado positivo de decisões finais na ordem dos 99,8 %, cimprovando.se que há gente competente e honesta”.
Vítor Reis, o porta-voz dos autores, salientou que “Falar dos livros é também partilhar experiência de vida ao longo de muitos anos na arbitragem”, tendo “objectivos educativos, informativos e pedagógicos”.
