Sexta-feira 03 de Maio de 2024

Let’s Be Active, Everyone, Everwere, Everday

FPF-OMS-Foto-4-6-18Foi da forma em título (inglês) que Filomena Cautela abriu, ao estilo “Festival da Eurovisão”, a cerimónia de apresentação do WHO Global Action Plan on Physical Activity 2018-2030 (GAPPA) – ou seja o “Plano de Acção Mundial para a Promoção da Actividade Física” – que a Organização Mundial da Saúde (OMS) apresentou Queijas, concelho de Oeiras.

As instalações escolhidas foram o auditório da Federação Portuguesa de Futebol (na Cidade do Futebol), numa parceria da OMS com a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e patrocínio do Ministério da Saúde, não tendo sido esclarecido o motivo por que um projecto mundial foi apresentado na casa que apenas é do futebol, quando existem em Portugal mais modalidades e em que Fernando Gomes, presidente da FPF aproveitou para puxar pela sua dama ao referir que “de 55.000 federados na época de 2010/2011 temos hoje em dia 180.000, o que é um aumento de 65%”, salientando que “no feminino e no mesmo período, o aumento foi de 8.000 para 12.000, que corresponde a 50%”, citando depois que “a Federação tem um terço dos federados de todas as modalidades em Portugal”.

A plateia estava repleta de autarcas de muitas Câmaras municipais – quarenta delas com quem a FPF vai formalizar protocolos neste âmbito (futebol) porque, juridicamente é esta modalidade (mais o futsal e o futebol de praia) que gere por via dos contratos-programa operacionalizados com o Governo.

Não se conhecem reacções das outras Federações Desportivas, também representadas na cerimónia (que não foram citadas mas que também deverão integrar o projecto), pelo que a apresentação “global” se cingiu às disciplinas do futebol.

O objectivo deste programa é aumentar em 1% – em todo o mundo – o número de cidadãos a fazer actividade física até 2015, chegando aos 15% até 2030.

“Pessoas mais activas para um Mundo mais Saudável” é o mote da campanha que a OMS criou, um plano que “dará orientações claras aos países para promoverem, numa lógica intersectorial e de saúde em todas as políticas. A actividade física junto das populações, nomeadamente através da criação de ambientes seguros e acessíveis, para pessoas de todas as idades” – como refere o comunicado veiculado pela FPF remetido oparas redacções dos órgãos de comunicação social.

É bom lembrar que esta temática tem vindo a ser, sistematicamente, promovida pela OMS desde a década de 40 e 50, focando precisamente as mesmas causas que ora voltam a ser relevadas.

Com a evolução dos tempos, recorde-se a campanha promovida pela Câmara Municipal de Oeiras intitulada “Mexa-se pela sua Saúde” – e outras congéneres a seguirem as pisadas, o que deu, poucos anos atrás, na criação no Plano Nacional de Corrida e Marcha, da responsabilidade do Instituto Português da Juventude e Desporto, que algumas Câmaras e clubes tem implementado por todo o país, sem ter a ver com o futebol porque, como se sabe, é outro mundo à parte.

No referido comunicado da FPF, refere-se também que “Sabe-se que o sedentarismo é um dos factores que mais contribui para o aparecimento de doenças crónicas não transmissíveis, como as doenças cardiovasculares, as doenças oncológicas, a diabetes e a obesidade. Sabe-se igualmente que estas doenças são já a principal causa de morte em todo o Mundo, com cerca de 40 milhões de óbitos todos os anos”.

Referindo-se a Portugal “um em cada 10 portugueses tem diabetes, perto de quatro em cada dez sofre de hipertensão e mais de metade da população adulta apresenta excesso de peso, incluindo obesidade. E Portugal é dos países europeus onde a população vive menos tempo com saúde depois dos 65 anos”.

A tónica acentuou depois que “um em cada quatro adultos e quatro em cada cinco adolescentes não praticam níveis suficientes de actividade física. E os números são ainda mais preocupantes quando se olha para as jovens, as mulheres, os idosos, e as pessoas mais desfavorecidas ou portadoras de alguma deficiência ou doença crónica”.

É citado ainda que “de acordo com o último Eurobarómetro, apenas 5% das pessoas com 15 ou mais anos dizem fazer exercício ou desporto regularmente e a mesma percentagem afirma fazer habitualmente outras actividades físicas, como deslocar-se de bicicleta. Cerca de 14% das mortes anuais em Portugal estarão associadas à inactividade física, estimando-se que isso tenha custos directos em saúde associados na ordem dos 45,9 mil milhões de euros”.

Mas não é referido que estudos feitos há mais de vinte anos indicavam que “investindo um euro no desporto (prática da actividade física) poupavam-se três euros na saúde”.

Hoje em dia e pelos números de mortos que foram referidos, por certo que esta relação é superior, isto é, “investindo um euro no desporto poupam-se cinco euros na saúde”.

E o que se verifica-se que é que, apesar do aumento do investimento no desporto/actividade física cada vez se gasta mais na saúde, a caminho de um ponto de ruptura que, mais dia, menos dia, estará por aí.

No comunicado também se questiona sobre “o que tem feito Portugal em matéria de promoção da actividade física?

A resposta, escrita, diz que “alinhado com os objectivos da OMS, o Governo português assumiu a promoção da actividade física como prioridade nacional e tomou várias medidas nesta área, com destaque para a criação de um Programa Prioritário para a Promoção da Actividade Física, a implementação de um projecto-piloto de sensibilização para a actividade física nos Cuidados de Saúde Primários, e ainda o lançamento de um Plano de Acção Nacional para a Promoção da Actividade Física e de uma Estratégia Nacional para o Envelhecimento Activo, que envolvem diferentes ministérios”

Resta saber quais os resultados já obtidos.

A cerimónia contou com a presença do Primeiro-Ministro, António Costa, do Ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, do Ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes e do Director-Geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, que abordou o tema ao mesmo tempo que mostrou o agrado por Portugal ter sido escolhido para a apresentação do projecto, tendo o seleccionador nacional, Fernando Santos, feito uma aparição em palco, assim que terminou o treino da equipa que, dentro de dias, estará a caminho da Rússia.

O Primeiro-ministro começou por assinalar a qualidade excelente quando se vão comemorar “os quarenta anos do Serviço Nacional de Saúde em Portugal”, responsável por ter “reduzido para dez vezes menos a mortalidade infantil” enquanto “a esperança de vida dos portugueses em média superior a outros países da OCDE, em especial Suécia e Noruega, embora com mais anos mas menos saúde”

António Costa frisou que “a actividade física é absolutamente essencial para a qualidade da saúde”, adiantando que é um “desafio aliciante e simples” fazer em cada rua um modelo de “vida activa saudável”, tendo sublinhado que “aumentar a actividade física” implica a “mobilização de todos” para se ter “mais qualidade de vida”.

Realce para a intervenção de Tedros Ghebreyesus, Diretor-Geral da OMS, que sublinhou o desafio da promoção da actividade física nos tempos que correm: “Ser ativo é fundamental para a saúde. Mas no mundo moderno, está a tornar-se cada vez mais um desafio porque, em grande parte, as nossas cidades e comunidades não são projectadas da forma mais correta”.

Pedro Teixeira, Director do Programa de Promoção de Actividade Física da Direção-Geral da Saúde, fez a apresentação da Campanha Portuguesa para a Promoção da Actividade Física, com o Ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, e o Ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes encerrado a cerimónia.

A partir daqui, questiona-se: quem é que vão ser os protagonistas para incentivar a população a “Mexer-se Mais, pela sua Saúde”, em que locais “apropriados”, de que forma e com que meios?

Pena foi a FPF não ter permitido aos jornalistas presentes (ainda antes da entrada para o auditório), o contacto com as personalidades que estavam presentes para a reportagem que fosse necessária, fazendo lembrar uma situação idêntica que se verificou no Open do Estoril no ano passado, que, este ano, não voltou a acontecer. Uma não consideração, para ser simpático.

 

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