Segunda-feira 29 de Abril de 7641

Diogo Ribeiro ou o novo “monstro sagrado” do desporto português a roçar a transcendência

Natação-MundialJuniores-Diogo-04-09-2022

FP Natação

Para um jovem que, aos 17 anos, conseguiu a proeza de conquistar, numa mesma competição, três medalhas de ouro – não chegando a uma possível quarta por ter desistido de outra, onde tinha marca para continuar no pódio – não há dúvida que estamos perante um “monstro sagrado” do desporto nacional.

Uma situação que se crê, até, inédita no movimento desportivo luso, porquanto não há memória que, alguma vez, esta transcendência se tenha verificado nos anais na história deste país, que continua a surpreender tudo e todos.

Depois de se sagrar campeão mundial dos 50 livres e 100 mariposa, conquistou o ouro nos 50 mariposa com recorde mundial juniores (22,96 segundos), fazendo um “hat trick” de medalhas de ouro no Mundial de Natação, na categoria de juniores.

Foram cinco dias intensos para Diogo Ribeiro em que competiu em 10 provas de eliminatórias, meias-finais e finais de 50 e 100 mariposa e 50 e 100 livres.

Abdicou da meia final dos 100 livres, onde se apresentava com o melhor tempo das eliminatórias, para poder apresentar-se na máxima forma na final dos 50 mariposa e assim tentar melhorar o seu recorde nacional absoluto fixado em 23,07 e chegar ao recorde mundial de juniores do russo Andrei Minakov (23.05), tendo superado os dois objectivos.

Diogo Ribeiro, ao site da Federação Portuguesa de Natação, salientou que “estou sem palavras. São muitas emoções. Conquistar esta terceira medalha e logo com um recorde do mundo é um sonho. Foi um longo percurso antes e durante o mundial para conquistar estas medalhas e este recorde. Tenho de agradecer a todos que me ajudaram, a família, ao meu treinador e equipa técnica, ao clube e federação”.

Depois de ter conquistado a medalha de bronze nos Europeus absolutos (Roma a 12 de agosto), nos 50 metros mariposa, o nadador do Benfica, treinado por Alberto Silva, conseguiu o que se acabou de relatar, salientando-se o espírito de sacrifício, a força, a garra e a vontade de fazer algo de importante para Portugal.

Diogo Ribeiro é o detentor dos recordes nacionais absolutos dos 100 metros livres (48,52 segundos) e dos 50 (22,96) e dos 100 metros (51,61) mariposa.

Respondendo a outras tantas perguntas colocadas, Diogo Ribeiro referiu que “o programa não facilitava a minha participação. Algumas das provas tinham 15 a 20 minutos entre as eliminatórias, meias-finais e finais, mas foi possível recuperar e apresentar-me num bom nível, claro com a ajuda do fisioterapeuta Daniel Moedas e com uma atitude muito focada tanto a nível competitivo como entre as competições”.

A obtenção do recorde do mundo de juniores era um objetivo que estava na mala de viagem desde Roma?

“Em Roma queria muito bater este recorde. No final dos 50 mariposa no europeu olhei para o tempo e vi que não tinha sido recorde e só depois é que percebi que tinha sido terceiro e então fiquei feliz. Por isso, chegado aqui, esse objetivo estava na minha cabeça. Claro que a opção de não competir na meia-final dos 100 livres foi difícil, mas teve que ser tomada. Competi nas eliminatórias dos 100 livres para ter um estímulo. Penso que foi a melhor decisão, já que o recorde foi batido e por uma margem boa. Competi na final sem pensar muito nisso, entrei descontraído nem pensava na marca dos 22 segundos ou recorde pessoal. Até aos 25 metros senti os adversários ao meu lado. Só confirmei o recorde mesmo depois”.

Foi uma opção competir no europeu absoluto e Mundial de juniores?

“O nosso plano correu bem: não competir no europeu de juniores e apostar no europeu absoluto e mundial de juniores. Sabíamos que era um risco, mas as pessoas perceberam que a nossa opção era a mais acertada”.

Teve muita pressão desde o europeu até agora, ao mundial?

“Em Roma não senti a pressão. Era o mais novo e as pessoas não estavam à espera de um resultado. Aqui em Lima sim. Mas penso que eu e o meu treinador soubemos gerir bem esses factos. Viemos mais cedo para nos adaptarmos aos horários e clima de prova. Nos primeiros dias não me senti bem, mas depois comecei a acreditar e a desligar de tudo. Para me poder focar tive de me desligar das redes sociais e do telemóvel e penso que todos perceberam isso. Só tenho de agradecer o apoio manifestado”.

As palavras sábias de um jovem prodígio, que nasceu num país à beira-mar plantado, pequeno, mas de fibra e alma forte, que saltou para o mundo da natação mundial num pequeno lapso de tempo. Que tenha o apoio (global) que advém deste êxito inteiramente merecido e que merece muito mais!

Este triplo êxito foi saudado, justificadamente, pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa; pelo primeiro-ministro, António Costa; por Santos Silva, presidente da Assembleia da República; e por Rui Costa, presidente do Benfica, “com um sentido profundamente orgulhoso”.

Diogo Ribeiro que regressa a Portugal amanhã (terça-feira), às 06h50, ao Aeroporto Humberto Delgado (Lisboa), juntamente com o treinador Alberto Silva e fisioterapeuta Daniel Moedas.

 

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