Com 91 anos de idade, faleceu neste sábado Joaquim Queirós um Senhor do jornalismo em Portugal, que criou a então Gazeta dos Desportos, nos anos 80 (1981) e foi o primeiro diretor do novo trissemanário, com uma cara renovada em relação à concorrência.
Aproveitando as novas tecnologias então a emergir na altura, Joaquim Queirós congregou uma nova nata de seres humanos para o jornalismo desportivo, sendo até considerado como que uma “universidade”, em especial porque reuniu um grupo de jovens ávidos em dizer “presente” e que se queriam aliar aos mais antigos, grande parte deles sem serem profissionais, para aprenderem as regras e, pouco a pouco, colocarem-se no pelotão da frente deste tipo de jornalismo, que fervilhava febrilmente durante todos os dias.
Tornado jornalista profissional em novembro de 1972, afirmou-se em periódicos como o “Jornal de Notícias” e “O Comércio do Porto”, subindo os diversos patamares da hierarquia desta profissão e tendo sido diretor deste último, um jornal centenário.
Fundou e dirigiu, durante 10 anos, o trissemanário “A Gazeta dos Desportos” e, em 1993, fundou o jornal “Matosinhos Hoje”, considerado, em 1995, pelo Clube de Jornalistas, como o melhor jornal regional português.
Tive a oportunidade de integrar o quadro de colaboradores da Gazeta desde cedo, em que, amiúde, passava pela redação de Lisboa, falando com um ser humano que sabia o que fazia e como fazia, granjeando uma grande harmonia entre todos, no que foi uma nova era e em que, com a dinâmica desenvolvida – que começou como trissemanário e depressa chegou a diário para chegar-se a A Bola e ao Record, que dominavam há muitos anos, naturalmente porque eram os mais antigos.
Foi com Joaquim Queirós que a Gazeta se tornou numa academia que ascendeu, depressa e bem, a um patamar invejável, conseguindo ultrapassar os mais cotados na cobertura de diversas competições no estrangeiro, em várias modalidades. Um caminho nem sempre fácil, com períodos até difíceis, mas que, com a força de todos, conseguiu guindar-se no pódio do jornalismo desportivo e até global, ainda que uma última crise levou a Gazeta a fechar portas a 30 de novembro de 1995.
Foi uma história linda, dentro de um quadro humano que deu um impulso importante ao jornalismo português.
Mas Joaquim Queirós foi ainda Vereador na Câmara Municipal de Matosinhos, entre 1989 e 1993, qua o galardoou com a Medalha de Mérito Dourada em 2013.
Recebeu ainda o prémio de jornalismo Joaquim Alves Teixeira, instituído pelo Governo, em 1982.
Foi distinguido, pelo Governo de Cavaco Silva, com a Medalha de Mérito Desportivo pelo seu desempenho na área da comunicação social.
A Câmara Municipal de Matosinhos lamentou profundamente o falecimento, endereçando as mais sentidas condolências à sua família.
Nós, os que com ele trabalharam e lidaram dezenas de anos em várias situações, também estamos tristes, mas cientes da importância que teve na nossa vida. Obrigado pelo que nos aturou e que descanse em paz!
O velório está marcado para a manhã deste domingo, a partir das 10h30, no Tanatório de Matosinhos. As cerimónias fúnebres serão na segunda-feira, às 11h00 no mesmo local.