Segunda-feira 29 de Abril de 2024

Eleições 2011: O Nobre que foi, parece que já não é!

Fernd_NobreA primeira carta jogada por Passos Coelho para as eleições de 5 de Junho parece, à partida, estar já fora do baralho.

Primeiro, face à contestação que foi protagonizada por milhares de apoiantes (e votantes – mais de seiscentos mil!!!) de Nobre nas eleições presidenciais, que levaram o presidente da AMI a ter que fechar as páginas insertas no Facebook.

O partido que o apoiou substantiva-mente na campanha, o Bloco de Esquerda, também veio a lume dizer da sua admiração por tal facto.

Toda a ala esquerda, em especial no lote dos pesos pesados que o apoiaram, também já se referiu, negativamente, sobre a situação veiculada pelo presidente do PSD.

Também a Comunicação Social, de uma forma geral, comentou a situação; de um lado pela positiva, do outro, nem tanto. Dependente dos quadrantes onde se inserem!

Pelo lado do PSD – onde a mania de chamar “independentes” se começa a tornar obsessiva – houve a oportunidade (oportunismo?) de tentar arreigar os seiscentos mil votos que Nobre granjeou nas presidenciais. Que não valem nem um décimo em relação a umas eleições legislativas. Será tão difícil fazer este tipo de contas?

Por outro lado, por certo que os militantes (os que pagam as quotas) sociais-democratas não gostaram da situação. E menos gostarão de saber que isto vai ser a tónica geral para a escolha dos candidatos a deputados e, segundo, para eventuais membros do governo se o PSD ganhar. É mais um atestado de incompetência aos militantes do PSD.

Atestado (incompetência) que os militantes, em especial os que se encontram nas várias estruturas do partido (Comissões Políticas Distritais e Concelhias, os que propõem os candidatos e que “engolem” as escolhas do chefe), aceitam, comungam e aplaudem com ambas as mãos.

Mas voltando à escolha pessoal de Passos Coelho para o número uma Lisboa, a situação é ainda mais caricata porque, além de ser proposto para deputado era também o único a concorrer para a eleição de presidente da Assembleia da República.

É o sinal de que, afinal, no reino do PSD os “interiores” estão minados de “doenças” mais ou menos esquisitas, mais ou menos raras.

Mas continuam a apostar no escuro.

A última sondagem que se conhece – e vale o que vale – aponta para uma vantagem de entre 4 e 5 pontos por parte do PSD em relação ao PS. O que é muito baixa e que poderá corresponder a uma não maioria vantajosa para os laranjas.

Além disso, há que reter, por via da mesma sondagem, que o PS, PCP e BE, em conjunto, ganham as eleições. E se o CDS, como já o fez anteriormente, se aliar ao PS para governar? Conhecendo-se Paulo Portas, tudo pode acontecer. Isto porque não haverá acordos pré-eleitorais. E sobre Nobre, o CDS diz que só fala depois das eleições. Significativo!

E que diz o PS? Luís Amado já comentou que “governo estável só com coligação à direita do PS”. Aqui cabe não só o PSD como o CDS. Mas como Passos Coelho já frisou que com Sócrates “nunca”, talvez o CDS aproveite.

A 52 dias da data da eleição, por certo que muita tinta irá correr. Mas parece que o PSD começou a dar tiros nos pés. Até quando? É difícil prever mas a curto prazo serão indicados os cabeças de cartaz para cada distrito e logo se verá a reacção interna e .. externa!

Outra, por último: Fernando Nobre até pode abandonar o parlamento caso não seja eleito presidente da Assembleia da República. É a política à portuguesa!

Luís Direito

 

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