Quinta-feira 28 de Março de 2024

Paris’2024 é já amanhã e Viva

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Num estado de pandemia à escala global, sem público nas bancadas, com as representações de cerca de duas centenas de países confinadas às aldeias olímpicas em cada local de competição, sem dúvida que a melhor nota a dar é aos praticantes desportivos que souberam proporcionar um espectáculo inesquecível neste belo país que dá pelo nome de Tóquio.

Para além da luta pelas medalhas e dos melhores resultados, ficaram para a história imagens de alegria, de contentamento, de tristeza, de desânimo, num leque ampliado a outros factores visíveis (mais) e invisíveis (mais), restando salientar o alto valor organizativo por parte do Japão em face das agruras que se colocaram, a que também o Comité Olímpico Internacional correspondeu com o firme propósito de que os Jogos fossem uma realidade, ainda que menos global mas que corresponderam a uma vitória sobre um “diabo” que ainda continua à solta.

Daí que se possa dizer Viva Tóquio’2020 e que Paris’2024 é já amanhã.

Quanto à Equipa Portugal, despediu-se de Tóquio com o melhor resultado de sempre na história da presença nacional em Jogos Olímpicos, de onde sobressaiu o recorde de medalhas ganhas – quatro – e nos quais apareceu o quinto campeão olímpico: Pedro Pablo Pichardo.

Se em Los Angeles 1984 Carlos Lopes (Atletismo, maratona) se tornou o primeiro medalha de ouro em Jogos Olímpicos e António Leitão (Atletismo, 5000m) e Rosa Mota (Atletismo, maratona) ganharam medalhas de bronze; se em Atenas 2004 também foram conquistadas três medalhas, duas de prata por Francis Obikwelu (Atletismo, 100m) e Sérgio Paulinho (Ciclismo, prova de estrada), e uma de bronze por Rui Silva (Atletismo, 1500m); em Tóquio 2020 houve uma medalha de ouro, de Pichardo (Atletismo, triplo salto), uma de prata, de Patrícia Mamona (Atletismo, triplo salto), e duas de bronze, de Jorge Fonseca (Judo, -100 kg) e Fernando Pimenta (Canoagem, K1 1000).

A participação da Equipa Portugal em Tóquio elevou para 28 o número de medalhas conquistadas pela Equipa Portugal, desde que em Paris 1924 a equipa Equestre de obstáculos conquistou, no Prémio das Nações, o bronze por Aníbal Borges d’Almeida, Hélder de Souza Martins, Luís Cardoso Meneses e José Mouzinho d’Albuquerque.

Tóquio 2020 é também um marco no que diz respeito ao número de diplomas conquistados por Portugal, incluindo as posições de pódio, num total de 15, o que nunca tinha acontecido e o máximo anterior fora fixado em Atenas 2004, com 13.

Para além dos medalhados, ficaram em classificações até ao 8º lugar Auriol Dongmo (Atletismo, lançamento do peso), Liliana Cá (Atletismo, lançamento do disco), João Vieira (Atletismo, 50 km marcha), Emanuel Silva-João Ribeiro-Messias Baptista-David Varela (Canoagem, K4 500), Teresa Portela (Canoagem, K1 500), Maria Martins (Ciclismo, omnium), a Equipa Equestre de Dressage (Maria Caetano-Rodrigo Torres-João Torrão), Catarina Costa (Judo, -48 kg), Gustavo Ribeiro (Skateboarding, street), Yolanda Hopkins (Surf, shortboard) e Jorge Lima-José Costa (Vela, 49er).

As classificações até ao 16º lugar também ultrapassaram a fasquia anterior (subiram para 35, o que nunca tinha acontecido). E mais um recorde foi batido, o de pontos, a partir de agora correspondente a 57.

Em Tóquio 2020, os atletas da Equipa Portugal bateram três recordes nacionais, cinco recordes pessoais, fixaram 17 melhores marcas em Jogos Olímpicos e conseguiram 27 melhores classificações de sempre.

COP

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Neste domingo, último dia de provas, foi conquistado o derradeiro diploma, alcançado por Maria Martins, na prova de Omnium, em Ciclismo de pista, ciclista que somou um total de 95 pontos, no conjunto das corridas que compõem o Omnium – scratch, tempo, eliminação e pontos.

Na corrida de Scratch – 30 voltas à pista, num total de 7,5 km – marcada por muitas quedas, Maria Martins conseguiu acabar sem danos, no 6.º lugar, somando 30 pontos.

Seguiu-se a corrida de Tempo – mais 30 voltas, com 26 sprints pontuáveis a um ponto cada – e a ciclista da Equipa Portugal terminou no 8º lugar. Baixou para o 7º lugar da geral, após duas provas.

A corrida de Eliminação rendeu a Maria Martins um 5.º lugar e mais 32 pontos, o que lhe permitiu retomar o 6º lugar da classificação geral. A finalizar, na corrida por Pontos, com 80 voltas (o equivalente a 20 km) e oito sprints pontuáveis. Aqui a ciclista da Equipa Portugal somou três pontos no primeiro sprint. No quinto foram mais dois. E no sétimo outros dois.

A medalha de ouro foi para a norte-americana Jennifer Valente, com 124 pontos; a prata foi de Yumi Kajihara (110 pontos) e o bronze de Kirsten Wild, dos Países Baixos, com 108 pontos.

Maria Martins comentou a sua estreia olímpica com grande emoção, afirmando que “esta prova seria sempre uma prova muito aberta, muito disputada, e a prova disso é que as diferenças são de dois pontos, um ponto. Isto são os Jogos Olímpicos e toda a gente está no seu melhor. Estar aqui para mim e ser uma das melhores é um orgulho, do fundo do coração. Ser olímpica, para mim sempre foi um sonho. Sinto-me tão bem. Este é um resultado muito positivo”, tendo acrescentado que “os outros atletas deram-me muita força. A vantagem de ser a última é que fui vendo os outros e a pouco e pouco fui-me inspirando, fui ganhando garra e força interior. Fazer o fecho desta forma é inacreditável”.

E inesquecível, acrescentamos nós, pela tenacidade, pela força mental e pela forma como o fez, aliás comungando o que outros portugueses conseguiram pelas mesmas bitolas.

 

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