Na habitual reunião das quintas-feiras, o Conselho de Ministros aprovou uma resolução que atribui o interesse público para a instalação de um centro desportivo de alto rendimento para o futebol, que se designará como “Cidade do Futebol” e que situará no perímetro geográfico do Complexo Desportivo do Jamor, na zona da Alto da Boa Viagem.
Esta nova infra-estrutura para o futebol é um projecto desenhado pela Federação Portuguesa de Futebol que, por seu lado, aproveito o mesmo dia para divulgar, na página oficial na internet, que tinha aprovado a proposta entregue pelo gabinete de arquitectos “Risco”, que desenvolveu, entre outros, os programas respeitantes a construções como o Centro Cultural de Belém, do Hospital da Luz (Lisboa) e dos Estádios de Casablanca (Marrocos), do Santos (Brasil), do Panathinaikos (Grécia), do Al-Hilal (Arábia Saudita) e do Dragão, entre outros.
“A instalação da Cidade do Futebol – segundo a nota informativa governamental – está de acordo com os objectivos principais e vocação do Centro Desportivo Nacional do Jamor (CDNJ), consagrados no plano de gestão e ordenamento estratégico deste Centro”, instalações que deverão estar concluídas até 2016, para onde passarão todas as actividades, técnicas e administrativas da Federação de Futebol, em especial as selecções nacionais.
A Cidade do Futebol é um projecto que tem um orçamento total de cerca de 13 milhões de euros, que não contará com qualquer financiamento do Estado e será suportado em exclusivo por verbas da UEFA, da FIFA, e da própria FPF, nomeadamente as provenientes das receitas realizadas através da realização de jogos de preparação da seleção A.
Segundo Fernando Gomes, presidente federativo, “a Cidade do Futebol não terá um cêntimo de financiamento público” e que a sede do organismo também vai para o mesmo local, o que obriga a ter que acrescentar três milhões aos dez milhões orçamentados para a globalidade das instalações.
Fernando Gomes referiu ainda que a Federação já garantiu 85% da verba necessária para o projecto, sendo os restantes 15% financiados através de fundos próprios da Federação, incluindo a realização de jogos particulares. Fernando Gomes acredita que a alienação da actual sede (na Rua Alexandre Herculano, perto do Largo do Rato), renderá qualquer coisa como sete milhões de euros para os cofres.
“Utilizaremos verbas da FIFA e da UEFA na ordem dos seis milhões de euros. Entre estes fundos e a alienação do edifício-sede da FPF completaremos 85% dos fundos necessários”, disse Gomes na conferência realizada na sede federativa.
Mas se isto é importante para o futebol e para o país, não deixa de ser um pouco “esquisito”, no mínimo, que Fernando Gomes tenha referido que a “Cidade do Futebol” não terá um cêntimo de financiamento público, o que brada aos céus.
Saberá Fernando Gomes, por acaso, qual o valor do metro quadrado (em termos comerciais padronizados) dos terrenos onde vai ser implantada a referida cidade? Quantos milhões o Estado vai investir ao ceder, gratuitamente, os milhares de hectares para as construções?
Qual o motivo por que esta situação é “escondida” do público? Para que o povo não saiba quantos milhões vai perder, embora beneficie da recuperação de parte do Vale do Jamor com esta edificação, o que também é significativo.
E porque já não existem “almoços grátis”, seria de bom-tom alguém explicar esses “pormenores”.