Terça-feira 16 de Abril de 2024

Panathlon de Lisboa debateu “O papel do desporto na inclusão da pessoa com deficiência”

“O papel do desporto na inclusão da pessoa com deficiência” foi o tema que o Panathlon Clube de Lisboa levou a debate numa sessão que decorreu, esta quinta-feira, na sede do Comité Olímpico de Portugal, através do You Tube.

Panathlon-DesportoInclusivo-19-11-2020Cumprindo devidamente a “distância social”, Humberto Santos (Presidente do Instituto Nacional de Reabilitação), Jorge Vilela (Técnico Superior do IPDJ), Leonor Moniz Pereira foram os oradores, sob a moderação de Duarte Lopes, da instituição promotora do evento.

De uma forma genérica, foram passadas em revista algumas situações porque tem passado este processo da sensibilização global para o tema, que “nem sempre assume a relevância que devia ter num plano global” – como salientou Humberto Santos – “porquanto ainda há muito trabalho a fazer, apesar dos avanços que se fizeram nos últimos anos”, se se tiver em conta o “volume” de medalhas conquistadas pelos desportistas das várias disciplinas paralímpicas e surdo olímpicas.

Um dado curioso relatado teve em conta que, nesta caminhada de muitos anos, ainda antes de Humberto Santos ter criado e dado corpo ao Comité Paralímpico de Portugal, instituição que teve um papel primordial na mudança do paradigma, no que ao desporto para os cidadão com deficiência diz respeito.

“Sempre fui da opinião que devia existir um plano global de desenvolvimento desportivo, em que todas as estruturas existentes no terreno deviam cooperar para um desporto comum, independentemente das áreas”, acrescentou Humberto Santos, que logo verificou que não seria possível porque não havia “ambiente” favorável para o efeito e, por outro lado, estava “enraizado” numa matiz em que o desporto federado se entendia como líder.

Entre outras coisas, acrescentou que está para consulta pública – no site do IRN – um projecto de plano estratégico nacional para o desenvolvimento do desporto para cidadãos com deficiência, com um sentido global.

Leonor Moniz Pereira, professora jubilada da Faculdade de Motricidade Humana (FMH) e que há vários anos tem trabalhado na área do desporto para deficientes, apresentou um conjunto de vectores relacionados com a temática em debate e referiu-se também se há ou não um plano nacional de desenvolvimento para o desporto, incluindo todos os agentes e protagonistas envolvidos no desporto nacional.

Neste aspecto do plano de desenvolvimento, Jorge Vilela – que foi o grande obreiro da criação da Federação Portuguesa do Desporto para Deficientes – recordou que os apoios que são prestados aos intervenientes nesta área tem como base os projectos que são apresentados por várias organizações, passam por uma candidatura apresentada ao IPDJ, que analisa do ponto de vista técnico-jurídico, encaminhando depois para o INR analisar do ponto de vistas financeiro.

No âmbito da formação de professores, Leonor Moniz Pereira referiu que os cursos, inicialmente, tinham uma duração de cinco anos, depois passaram a quatro e, mais tarde, a três anos, o que originou a diminuição das matérias a abordar, ficando-se pelo mínimo no que se refere à ciência na área dos cidadãos portadores de deficiência.

Um assunto que, hoje em dia, está mais em voga, mas por força da criação de cursos específicos, de curta duração, ainda assim importantes para os êxitos que têm sido conseguidos a nível internacional.

Foi ainda concluído que é preciso mais debate sobre o assunto, que deve existir um Plano Nacional do Desenvolvimento do Desporto (de forma global), para o que poderá ser indispensável reformular as estruturas governamentais e não-governamentais, criando-se sinergias para um caminho único.

Duas interrogações marcaram o final do debate, uma sobre qual o impacto dos grandes eventos em todos os elementos que giram nesta “bolha” do desporto para os cidadãos portadores de deficiência e, outra, qual o legado que é deixado pelos êxitos alcançados nos grandes eventos!

Numa altura de situação de emergência, face à pandemia em curso, foi corajoso abordar esta temática, colhendo o Panathlon Clube de Lisboa os dividendos pela ousadia.

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