Marcelo Rebelo de Sousa discursou no Conselho de Segurança da ONU, na sua ultima visita enquanto Presidente da República.
Numa reunião organizada pela presidência sul coreana do Conselho, sobre o impacto da Inteligência Internacional na paz e segurança internacionais o Presidente da República alertou para os riscos que a tecnologia pode representar, sobretudo no domínio militar e no que toca a sistemas de armas autónomos. Defendeu a gestão e responsabilização humana neste domínio, para garantir que a inteligência artificial funciona a bem da humanidade, assim como em cumprimento pela Carta das Nações Unidas e do direito internacional humanitário
Marcelo Rebelo de Sousa discursou na Conferência de Alto-Nível para a Implementação da Solução de Dois Estados, que decorreu na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, em Nova Iorque, onde vincou o reconhecimento de Portugal do Estado da Palestina.
Discurso de Sua Excelência o Presidente da República:
“Vossa Excelência o Presidente de França, Emmanuel Macron
Vossa Alteza o Príncipe Herdeiro do Reino da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman
Vossa Excelência a Presidente da Assembleia Geral, Annalena Baerbock
Vossa Excelência o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres
Vossa Excelência o Presidente do Estado da Palestina, Mahmoud Abbas
Excelências,
Senhoras e Senhores,
Portugal reconheceu formalmente o Estado da Palestina como um Estado soberano com plenos direitos.
Esta decisão reflete a nossa convicção de que a solução de dois Estados é o único caminho viável para uma paz justa e duradoura no Médio Oriente.
Ao reafirmá-lo aqui, Portugal procura contribuir para um esforço internacional mais vasto em prol da paz, da justiça e da estabilidade.
Se não agirmos, esta crise deixará cicatrizes durante gerações, alimentando o extremismo e a instabilidade. O acesso humanitário deve ser garantido sem demora.
Todos os reféns devem ser libertados. O terrorismo, como o ocorrido a sete de outubro, nunca poderá ser justificado. E os civis, independentemente da nacionalidade, religião ou etnia, devem ser protegidos, em todos os momentos. Portanto, um cessar-fogo deve ser alcançado imediatamente.
O empenho de Portugal na paz no Médio Oriente tem sido constante e claro. Sempre defendemos a solução de dois Estados, em conformidade com as resoluções das Nações Unidas e as fronteiras de 1967. Apoiámos o estatuto de observador da Palestina em 2012, votámos o alargamento dos seus direitos nesta Assembleia em 2024 e endossamos a Declaração de Nova Iorque no início deste ano.
Saudamos os compromissos sem precedentes assumidos pela Autoridade Palestiniana no contexto da Declaração de Nova Iorque.
Reconhecemos que ambos os países continuam a enfrentar ameaças à segurança, que devem ser enfrentadas através do diálogo, da cooperação e da procura de uma paz justa e duradoura.
O reconhecimento do Estado da Palestina por Portugal não é um gesto isolado, mas a continuação de uma política de longa data e um contributo decisivo para a salvaguarda da solução de dois Estados.
Excelências,
Portugal está pronto para trabalhar ativamente neste esforço coletivo. A nossa mensagem é clara: o reconhecimento do Estado da Palestina é o reconhecimento da própria paz.
Agora, hoje. Amanhã teria sido tarde demais.”
No inicio da sua presença na ONU, O Presidente da República encontrou-se logo no primeiro dia, com António Guterres, Secretário-Geral das Nações Unidas, naquela que foi a primeira audiência da longa lista que durante esta semana o Secretário-Geral fez com os líderes mundiais em Nova York .
Os dois responsáveis tiveram ocasião de trocar impressões sobre a situação internacional e os principais temas na agenda da ONU, em particular os processos de reforma lançados pelo Engº António Guterres nos últimos dois anos. O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa reiterou o empenho de Portugal no multilateralismo e no cumprimento cabal Carta das Nações Unidas.